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Ass: Dr Alberto Okada
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Muitas vezes o sofrimento ocorre sem que a pessoa tenha a consciência de suas causas, ou saiba com exatidão quais são os  conteúdos que lhe afetam, tais como desejos, pensamentos, ou sentimentos, sejam eles impróprios, inaceitáveis, insuperáveis, ou proibidos. Existem situações que a consciência aprisionou, reprimiu, ou ocultou tais conteúdos no seu inconsciente, mantendo-se distante o suficiente a ponto de esquecê-los. Também criou uma rígida camada de controle para afastar a possibilidade de enfrentamento. Esse distanciamento ocorre de forma automática e imperceptível, como mecanismo de defesa ou de fuga.

Muitas pessoas somente procuram a terapia em situações complexas, onde há uma certa dificuldade de lidar com a dor e o sofrimento e precisam encontrar uma forma de eliminá-los. Entretanto, independentemente da existência ou não de sintomas ou do estágio de saúde em que a pessoa encontra-se, a terapia é útil para o processo de desenvolvimento. O que se busca é o cuidado contínuo no aprimoramento e manutenção da mente atualizada na melhor versão potencial de si-mesmo. Melhores resultados são atingidos quando a pessoa entrega-se ao processo terapêutico, efetivamente.

Todas as técnicas possibilitam conduzir o cliente a atingir aos mesmos objetivos, por caminhos adversos. Por um lado, os terapeutas podem ter maior afinidade com uma determinada vertente, mentor, ou linha terapêutica. Por outro lado, o cliente pode evoluir mais ou menos rápido a depender das sinapses que constrói durante o processo. Entretanto, tem uma frase de Jung dirigida aos profissionais que diz “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

Via de regra tem um ponto importante para efetividade de quaisquer processo terapêutico que é a escolha do profissional: este deve ser capaz de estabelecer uma relação de empatia e confiança com seus clientes, permitindo ao cliente efetivar  conexões, trazer novos significados, produzir insigths e provocar mudança de atitude.

Cuidar da sua psique fazendo terapia, metaforicamente, é como um processo de desfragmentação da memória rígida (disco HD) do seu microcomputador,  em que se busca melhorar a performance e a estabilidade de processamento, ou ainda, é como fazer academia para cuidar do seu corpo, fazendo exercícios ou atividade física. Na terapia esse exercício ocorre pela manifestação e discussão das ideias e do auto-conhecimento.  Representa um pequeno tempo dedicado a reogarnização da mente, com intuito de levar o cliente a tornar-se cônscio de seus comportamentos, sejam eles voluntários ou involuntários, bem como gerar atitude na consciência.

Para tais processos não tem como prever a sua finitude. Tem-se uma meta, ou demanda, ou expectativa, mas não há como precisar quanto tempo. Uma coisa é certa, mesmo que pare de fazer, sempre será saudável retomar.  Não há como precisar um tempo estimado de terapia pois ela envolve questões bem específicas e singulares de cada cliente. A alta pode ocorrer quando a sua necessidade que levou a terapia foi atendida, ou no instante que atinge um nível satisfatório de saúde, bem-estar e auto conhecimento.

O processo terapêutico analítico pretende analisar, holisticamente e isoladamente, as manifestações simbólica do ser humano, personificada na forma de complexos que se distinguem conforme seus núcleos arquetípicos. Como resultante dessa análise torna-se possível identificar o estilo dominante e o estilo regressivo da consciência. A partir da identificação de qual estilo encontra-se em sofrimento, o processo visa ser solidário e empático com a parte que está em sofrimento. O objetivo é  recompor o indivíduo na sua integridade em busca de sua totalidade.

O processo contribui para que o analisado aprenda a lidar melhor com as suas afeições, ou seja, de perceber, refletir, filtrar, selecionar, classificar, concatenar, organizar e armazenar os pensamentos, os sentimentos, as sensações e as intuições para produzir novos conteúdos e usá-los de forma prospectiva, propositiva e saudável.

O terapeuta é a pessoa que não julga ou critica as atitudes do cliente e também não diz o que ele tem que fazer. Metaforicamente, ele oferece lentes especiais para o autoconhecimento. Essas lentes atuam como espelho retrovisor quando é preciso direcionar o olhar ao passado, ou como binóculo quando é preciso amplificar a visão de si-mesmo. Tem as lentes coloridas que dão mais vida as imagens e as lentes multifocais que permite ver tanto de longe e de perto e de diferentes ângulos.

Portanto, o terapeuta seria uma espécie de facilitador para o cliente conectar-se ao desconhecido, de tornar consciente os conteúdos armazenados no inconsciente, de conhecer o indivíduo na sua integralidade, de provocar uma mudança de atitude na consciência capaz de mudar a forma de pensar, de agir, de produzir e de gerar resultados, transformando a sua dinâmica pessoal, familiar e do trabalho a serviço da vida, de forma que fique bom para as partes e bom para todos.

O terapeuta analítico junguiano conhecedor dos ensinamentos de Carl Gustav Jung tem o papel de guiar o cliente em seu processo de individuação. Colabora para que conteúdos sejam ressignificados, os complexos sejam dissolvidos, comportamentos sejam modelados e os conflitos sejam eliminados, onde se busca fortalecer o ego para que o indivíduo possa agir com discernimento, integridade, liberdade, autonomia e dinamismo.

A terapia possibilita abrir caminhos para o auto-conhecimento, significar a vida, buscar o propósito e transcender a alma.

Enfrentar os problemas e tomar decisões consome esforço e energia.  Algumas pessoas preferem adiar a solução dos seus problemas para se manter seguro em sua zona de conforto, evitando errar ou tomar decisões equivocadas. Mas a psique aloca desejos compensatórios para afagar esse sofrimento ou reduzir a ansiedade. Quando o indivíduo frusta-se por não ver o seu objeto de desejo realizado, manifestam-se as suas emoções com uma carga energética intensa. Forma-se um estilo dominante na consciência que é comandada pelo que Jung denominou de complexo.

Muitas vezes passa-se despercebido, mas aqueles desejos ou conteúdos ocultos que foram reprimido no  inconsciente, por não serem aceitos pela consciência, passam a estar associados a imagem de terceiros, podendo a vir causar desconforto nas relações. Para esse fenômeno Freud chamou de transferência. O olhar do que se espera dos outros pode dizer muito sobre ao nosso respeito, assim como nossos sonhos revelam muito sobre o vem sendo arquitetado pelo nosso inconsciente, de forma simbólicas ou metafóricas. Os sintomas e as doenças que se manifestam tanto na psique como no corpo, também oferecem significado simbólico. A terapia ajuda a decifrar conteúdos até então incompreensíveis pela mente.

A terapia é um processo que amplia o seu estado de consciência, estimula o auto-conhecimento e colabora para o seu crescimento intelectual. Ela também possibilita ao indivíduo movimentar ou fluir a energia para resignificar tais conteúdos nocivos à saúde e eliminar os conflitos, proporcionando o seu desenvolvimento pessoal e coletivo.

A terapia traz consigo um conjunto de práticas que revelam o cuidado com a saúde da psique e do corpo. Ela é útil não somente para o tratamento de pessoas portadoras de doenças mentais, como também é muito importante para pessoas que procuram uma forma para promover a sua saúde e o seu bem-estar, possibilitando um maior controle das suas habilidades socio-emocionais, diante da intensidade de emoções que aloca em seus momentos de vida.