Relação entre a Fenomenologia e Jung

Relação entre a Fenomenologia e Jung

E-BOOK: NOÇÕES BÁSICAS EM PSICOLOGIA ANALÍTICA JUNGUIANA E PSICOSSOMÁTICA

Individuação

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Consciente e Inconsciente

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Psique

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Função Trancendente

Relação entre a Fenomenologia e Jung

Na psique, muitas associações rodam em torno de uma temática com uma infinidade de atributos organizados, mas com uma afinidade entre si. Não há nada da existência que não passa pela psique. O olhar híbrido das perspectivas psíquicas possui valores energéticos sensíveis, físico-científico e pragmático. Há valor em tudo que se vê de diferentes perspectivas em função de uma razão subjetiva (exemplo: pode não ser o nadador que nada e locomove-se e sim uma corrente invisível que conduz o nadador no vácuo criado pelo movimento contrário das águas dessa corrente).

O mundo é a representação das ideias, porém nós somente temos acesso ao conteúdo da nossa psique, que mostra o mundo de acordo com as nossas ideias, símbolos, representações e projeções. Não temos respostas para muitas dúvidas. Faz-se necessário organizar os pensamentos para encontrar as respostas ou soluções pela análise do problema sob diversas perspectivas. Ou absorvemos uma determinada hipótese/perspectiva passivamente, ou, ao contrário, indagamos quanto à veracidade dos fatos e quanto à sua fundamentação. Será que o que vemos é realmente o que de fato é ou significa?

Descartes, autor da frase “Penso, logo existo” busca a verdade que não pode ser questionada. Só existe a verdade se não há a dúvida e só existe o problema quando existe a solução. A solução é que cria o problema, a medida que a solução é sempre a eliminação de um problema que não deveria acontecer. A verdade afasta a dúvida à medida que pensamos que a dúvida não deveria ocorrer. A medida que agimos de forma cartesiana, simbolizamos bem nossos pensamentos para demonstrar a relação entre nossas representações e a realidade. Coloca-se continuamente mais uma questão, não para simplesmente duvidar, mas sim para extrair da sua dúvida a verdade. E assim inicia o jogo antológico entre a aparência e a realidade.

Kant traz o conceito da razão pura e diz que a razão exerce a governança de nossas vontades. Diz ele (…) Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para derivar as ações das leis é necessária uma razão, a vontade não é outra coisa senão a razão prática… a vontade é a faculdade de escolher só aquilo que a razão, independentemente da inclinação, reconhece como praticamente necessário, quer dizer como bom. (Kant 2002, p. 47)

Kant dizia que fenômeno é o mundo a qual nós experimentamos e não o mundo da forma com que existe independente de nossas experiências (essência das coisas em-si). O ser humanos aprende com as experiências a medida que reconhece o mundo dentro de seus esquemas mentais.

Para Kant, é o sujeito, com os seus conhecimentos a prioris e seu aparatos subjetivos que determina o objeto de seu conhecimento e a sua capacidade de conhecer. Eles encaixam todos os objetos em intuições (como o tempo e o espaço) e em categorias diversas (unidade, pluralidade, causalidade, entre outras). Não é possível ao homem pensar sem mapear suas possibilidades, sem mostrar os conceitos e os princípios que tornam possível o pensamento, o qual a intuição faz parte da razão.

Já Jung distingue as funções da consciência em pensamento, sentimento, sensação e intuição. JUNG traz um terceiro elemento na relação entre sujeito e o objeto Diz ele (…) Ao esse in intellectu [ser na mente] falta a realidade tangível, e ao esse in re [ser no corpo] falta o espírito. Idéia e coisa confluem na psique humana que mantém o equilíbrio entre elas. Afinal o que seria da idéia se a psique não lhe conferisse um valor vivo? E o que seria da coisa objetiva se a psique lhe tirasse a força determinante e a impressão sensível? O que é a realidade se não for uma realidade em nós, um esse in anima? A realidade viva não é dada exclusivamente pelo produto do comportamento real e objetivo das coisas, nem pela formula ideal, mas pela combinação de ambos no processo psicológico vivo, um esse in anima (Jung, 1991, p. 63).

A Psicologia Analítica procura, então, reconstituir essa terceira instância, o reino intermediário da psique, que é, também, o reino das imagens e do poder da imaginação. Utilizando a atividade da fantasia “a psique cria realidade todos os dias” e “lança uma ponte entre sujeito e objeto” (Jung, 1991, p. 64).

Faz parte da natureza dos indivíduos demonstrar uma permanente preocupação com a forma e com a aparência, seja pela ocultação ou pela manifestação da realidade. A dicotomia dessas aparências segue em conflito pela evolução natural dos fatos e acontecimentos pessoais ou universais. As relações de causalidade entre as diversas situações ocasionais levam gradativamente a aproximação dos fatos a realidade, porém uma simples experiência evidenciada pode levar todo um racional construtivo à estaca zero. Neste caso, faz-se necessário resignificar tais conteúdos a partir da observação fenomenológica.

Nietzsche traz o conceito da antionomia que é conflito contraditório entre duas ideias ou sempre que estejamos em condições de demonstrar e refutar uma proposição e a sua contrária, onde se verifica não ser possível provar nada em definitivo. Para Nitzsche o sofrimento não pode ser rejeitado.

Para Nietzsche, as realizações de vivências valorosas na vida vem a partir da experiência de superação, de dificuldades, e que uma existência confortável e indolor não valeria a pena de ser vivida. O sofrimento torna as pessoas resilientes que, além de pacientes, são determinadas, ousadas, flexíveis diante dos embates da vida e, sobretudo, capazes de aceitar os próprios erros e aprender com eles

Nietzsche designa o super-homem como uma imagem arquetípica de um ser superior aos demais que, era o modelo ideal para elevar a humanidade. Para ele, a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes. “o indivíduo é chamado a lutar pela cultura e a opor-se a todas as influências, hábitos, leis e instituições nos quais não reconheça a sua própria meta […] a criação do super-homem” (NIETZSCHE, 1990, p. 239). Complementa ainda… “Só não falem de dons e talentos inatos! Podemos nomear grandes homens de toda espécie que foram pouco dotados. Mas adquiriram grandeza, tornaram-se “gênios” […] todos tiveram a diligente seriedade do artesão, que primeiro aprende a construir perfeitamente as partes, antes de ousar fazer um grande todo. (NIETZSCHE, 2000, p. 125).

Jung tinha um apreço forte por Nietzsche e foi um estudioso de sua obra. É possível reconhecer os ensinamentos de Nitzsche em seus textos. Para promover a transcendência da alma o indivíduo precisa mergulhar no seu inconsciente, confrontar com sua sombra e do conflito gerar o equilíbrio entre o estilo dominante e o estilo recessivo da consciência. Segundo JUNG “A depressão é como uma mulher vestida de preto. Se ela aparecer, não a afaste. Convide-a para entrar, ofereça-lhe um assento, trate-a como uma convidada e ouça o que ela tem a dizer. Para Jung o sofrimento pode ser superado suportando-o e que somente há significado na felicidade se houver o equilíbrio da tristeza. É a partir do movimento pendular de forças opostas (conceito de enantiodromia do filósofo Heráclito) e do conflito entre ideias contraditórias e acolhimento da dor e sofrimento (Nietzsche) que pode haver equilíbrio, ressignificação e mudança de atitude na consciência.

O que se processa na consciência sobre si é bem maior do que de fato se vive, pois, é na consciência que ocorre a potencialização da abstração. No processo de aprendizagem, os mapas vão sendo reconfigurados. Todo e qualquer processo de mudanças e adaptação é ao mesmo tempo um processo de desadaptação.

Para Husserl se aprende com a percepção, que é um ato intuitivo privilegiado, uma intuição originária “A intuição doadora na primeira esfera natural de conhecimento e de todas as suas ciências é a experiência natural, e a experiência originariamente doadora é a percepção, a palavra entendida em seu sentido habitual” (Husserl, 2006, § 1, p. 33). A percepção é fundamental e importante porque com ela a plenitude se realiza para nós, tal como o objeto é ou se dá em si mesmo, permitindo entrar em uma relação direta com o real. A percepção transcendente é um ato de reflexão.

Husserl faz uma crítica a incapacidade da ciência na concepção humano autêntico: (…) A verdade científica, objetiva, é exclusivamente a comprovação daquilo que o mundo, tanto científico quanto espiritual, efetivamente é. Entretanto, o mundo e a existência humana nele podem verdadeiramente ter algum sentido se as ciências admitirem como verdadeiro somente o que pode ser comprovado objetivamente dessa forma, se a história não puder ensinar mais do que isto: todas as formas do mundo espiritual, todas as obrigações vitais, todos os ideais, todas as normas que, dependendo do caso, os homens sustentam são formadas e desfeitas como ondas passageiras: sempre foi assim e sempre será; sempre a razão deve converte-se em sem-razão e a boa ação, em calamidade? Podemos ficar satisfeitos com isso? Podemos viver neste mundo, cuja história não é outra coisa senão uma perpétua concatenação de impulsos ilusórios e amargas decepções? (Husserl, E. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental).

Husserl funda a fenomenologia como método, ou uma forma, ou um caminho de como se aprende as coisas, de qual sentido é percebido pela consciência a partir das relações entre sujeito e objeto com objetivo de compreender o ser humano nas suas relações intrapessoais (em si ou para si) e interpessoais (com os outros, com o meio em que vive, ou com o mundo). O processo de construção do aprendizado ocorre no encontro da consciência e as coisas. A consciência das representações universais não o faz abdicar das suas próprias representações o que faz retornar as coisas mesmas.

Para Husserl, o fenômeno é o manifestar da essência revelada a consciência de uma forma única indivisível dando sentido do ser, onde todo objeto está para uma consciência assim como toda consciência está para um objeto. A intencionalidade presume que toda consciência sempre se apresenta como consciência de alguma coisa, estabelecendo uma relação com um sentido aproximado ou um olhar intelectual de perceber as coisas. Fora dessa relação a consciência é um nada. Nada pulsa no ser. É o nada indeterminando o ser, mas por outro lado é o nada que determina o que está sendo indeterminado. A totalidade contempla a indeterminação, a falta, onde o tudo também determina o nada. Se não sou o que deveria ser, então não sou nada. O nada não é falta é excesso. Ser e nada são abstrações. Criar expectativas sem conquistá-las gera o vazio e define a posse do nada.

Husserl define a epoché como sendo uma ação caracterizada de abrir a consciência à experiência, sem fazer qualquer juízo, ignorando o conhecimento exterior e desconsiderando o mundo real. Um olhar de fora, onde é preciso “tirar de circuito” todas as ciência e as nossas atitudes do mundo natural que se apresentam como verdades para si e somente admiti-las após conferir parênteses. A epoché desvela, portanto, o conhecimento do que efetivamente existe ao introduzir a subjetividade. A epoché é a base do processo de redução fenomenológica em um esforço de voltar a atenção ao Eu interior, não para buscar algo, mas para apreender o que possa vir a se manifestar ou surgir a consciência.

A aproximação entre Jung e Husserl não se dá em termos de radicais filosóficos. No âmbito dos conceitos, Jung permanece kantiano. Entretanto, a valorização da experiência inerente ao pensamento junguiano sugere uma postura semelhante a que a epoché produz nas psicologias fenomenológicas.

Para Sartre a existência precede a essência, pois o indivíduo existe antes mesmo dele ser definido por qualquer conceito. A morte é uma ocorrência que determina o fim da existência. Um objeto é fabricado de acordo com um conceito de quem o fabricou, tendo intuito, objetivo ou propósito e utilidade definida, antes mesmo de sua existência concreta. Este objeto possui, portanto, uma essência prévia. A essência de um objeto precede a sua existência, pois ele será fabricado com base no que irá se tornar, em qual função será. Em sua subjetividade, o indivíduo é aquilo que ele faz de si mesmo. A consciência se amplia fazendo uma volta reflexiva para si mesmo, cujo movimento ocorre fora de nós. Estar consciente é aquilo que se faz por existir ou um processo de vir a ser. O paradoxo da consciência é o movimento na construção que implica um nada de ser e ao mesmo tempo aponta para um ser possível, para um projeto fundamental. Sendo a consciência uma estrutura vazia, possibilitará a construção de si como deslize entre o nada de ser e o ser possível, ou seja, é quando o homem diante do nada e, projetado para o futuro, construirá o seu ter-de-ser como valor, isto é, a sua essência.

Sartre define que a consciência não é a essência e sim o movimento. Ela é livre para seguir em direção das coisas. A vida interior nada a mais é do que um refúgio que nós procuramos manter a salvo da exterioridade do mundo exterior. Porém, sendo a consciência um nada, como Husserl bem definiu, então nós não teríamos como nos esconder.

Sartre define que tudo está fora e nós estamos fora de nós mesmos e dentre os outros. Ao expulsarmos as coisas da consciência, se estabeleceria uma consciência posicional do mundo, ou seja, as representações universais da relação autêntica entre o sujeito e as coisas.

Ao contrário de Husserl, Sartre diz que a consciência é uma volta reflexiva para si mesmo, cujo movimento ocorre fora de nós. Ele não se completa, a medida que o ser humano vai para fora em busca de algo que tens que se tornar, ou seja, sempre haverá algo projetado, sem nunca se alcançar. Tem-se a consciência dela própria à medida que ela continua existindo fora de mim.

Portanto, a consciência não é coisa alguma, é aquilo que se faz por existir, não é algo implícito do ser, e sim, do processo de vir a ser, um constante transcender-se, de ir para fora e além de si, em busca da superação. Para Sartre, é preciso haver constantes transformações para o processo de completude do ser, fazendo renascer a cada instante um outro melhor em mim. É preciso agir e mudar, não para agradar aos olhos dos outros, e sim, para continuarmos sermos nós mesmos.

Há uma matriz de liberdade na definição da realidade e, pelo rigor metodológico ético, não se pode dizer que a consciência é uma coisa subordinada a outras coisas, pois não há como abdicar-se dessa liberdade. Se o fizer, ignorar ou fingir estaríamos cometendo uma traição a si próprio e a finalidade histórica da existência do homem.

Sartre diz que podemos ser livres para tudo menos para deixarmos de ser livre, ou seja estamos condenados a liberdade. Também que somos livres para nos libertarmos ou tentar-nos libertar. Esse constante inventar-se para transcender não podemos nos livrar. Não somos aquilo que fazem de nós (visão marxista). Somos aquilo que fazemos com o que fazem de nós.

Jung discorda de Sartre ao defender a ideia de uma determinada natureza humana que caminha para transcendência da alma, de maneira desenvolvimentista do self rumo a totalidade, bem como ao discordar que a liberdade humana é algo absoluto ou incondicionado. Se fato somos livres para mudar e fazer nossas próprias escolhas, renunciar oportunidades, simplesmente para ser ou trilhar rumo a nossa existência. Mas ser livre também é poder ter a liberdade de obedecer ao outro aquilo que foi determinado. Pode-se definir a liberdade como uma obediência, mas não de um apenas. Assim, é ser livre a ideia de não ter que ser somente EU, pois não podemos nos prender dentro do nosso EU.

Sartre em seu livro O Ser e o Nada define que a construção do ser é um projeto existencial, um projeto de construção inalcançável, mas propulsor de provocar atitude na consciência para vivenciar o mundo a sua maneira, ou seja, livre para ser o Deus de suas próprias vontades.

Não obstante, o conceito junguiano de individuação tem afinidade com o ideal de autenticidade e projeto de vida de Sartre, no sentido de que ambos se concentram no objetivo de alcançar uma existência significativa por meio do desenvolvimento de recursos internos, do exercício criativo da liberdade e da superação do autoengano.

Para Kierkegaard o desespero é o afastamento da existência, o único mal para o qual não há cura. Desespero é um mal maior que a morte. O desespero é a doença mortal, é viver a morte do eu quando o indivíduo não aceita estar nas mãos de Deus. Negando Deus o homem se aliena e reduz a nada. A alienação é a falta de consciência por parte do ser humano de que ele possui responsabilidade de sua própria vida. O ser humano é finito e têm que constantemente fazer escolhas, essas escolhas podem levar o indivíduo a uma vida ética e essa vida ética pode levar as pessoas a uma vida de fé, e é na fé que o sujeito pode se encontrar com a singularidade de Deus.

Compete a cada um a possibilidade de se tornar indivíduo no encontro com si mesmo. O homem é responsável para se tornar aquilo que ele é em potência: “individuum” (KIERKEGAARD, 2010g, p. 30). Tornar indivíduo “é um ser capaz [Kunnem], uma arte [Kunst], uma tarefa e arte prática, cuja prática às vezes exige as vidas de seus praticantes” (GOUVÊA, 2009a, p. 371). Assim, nascemos humanos e com arte podemos nos tornar indivíduo singular. O homem não nasce indivíduo, mas pode se tornar um, desde que assume o processo de individualização. O homem só se torna um “indivíduo autêntico se ele for responsável perante Deus” (GOUVÊA, 2009b, 371). O tornar-se é possibilidade. A existência humana é liberdade, pois os indivíduos são o que escolheram ser, o que escolheram fazer da sua existência dentro das suas possibilidades, inclusive da possibilidade de não escolher e ficar paralisado ou de se perder. A percepção dessa possibilidade causa a angústia pelo futuro a ser definido pela liberdade, futuro e angústia andam juntos. A verdadeira existência é vivida na fé.

Tal como Jung, observa-se que ocorre um processo de individualização e que este processo ocorre gradativamente. Ambos acreditam na crença fundamental no potencial de cura de uma perspectiva religiosa. Jung e Kierkegaard identificam autenticidade, sofrimento e auto-ilusão como os três temas importantes.

Jung admite ser um fenomenológico ao afirmar que: “Embora me tenham chamado freqüentemente de filósofo, sou apenas um empírico e, como tal, me mantenho fiel ao ponto de vista fenomenológico. Mas não acho que infringimos os princípios do empirismo científico se, de vez em quando, fazemos reflexões que ultrapassam o simples acúmulo de classificação do material proporcionado pela experiência. Creio, de fato, que não há experiência possível sem uma consideração reflexiva, porque a “experiência” constitui um processo de assimilação, sem o qual não há compreensão alguma. Daqui se deduz que abordo os fatos psicológicos, não sob um ângulo filosófico, mas de um ponto de vista científico-natural. (…) me abstenho de qualquer abordagem metafísica ou filosófica. Não nego a validade de outras abordagens, mas não posso pretender a uma correta aplicação desses critérios” (Psicologia e Religião p. 1)

Os conceitos da fenomenologia que foram assumidas por Jung são: a sua proximidade com fenômeno, tal como este ocorre; a redução fenomenológica e sua discussão dentro do campo psicológico, sem adentrar uma metafísica; a busca das essências; a intencionalidade e a relação do homem com o mundo na integridade do ser.

Assim, concluo que diversos pensamentos de Jung tem uma correlação com a fenomenologia e uma proximidade com o existencialismo. Tem universidades que citam JUNG na disciplina de Teorias Psicanalíticas (com mais ênfase a Freud) e outras em Teorias Fenomenológicas, Existencialistas e Humanistas, mas são poucas que dedicam uma disciplina específica de Psicologia Analítica. Particularmente, acredito ser difícil para a academia, normalmente coordenada pela área da saúde (com ênfase na medicina), onde seus professores foram criados na escola da psicologia com o viés pragmático de pesquisa científica, tipicamente behaviorista, compreender e aceitar a diversidade, multiplicidade e miscelânea de pensamentos de diversas culturas e povos e de diversas correntes filosóficas na obra de Jung. Em que pese que o ser humano ao rejeitar alguns conceitos, fecha-se ou ignora-se para absorver o restante do conhecimento, é nítida a correlação de influências que JUNG proporcionou nas obras de pensadores fenomenológicos e existencialista e vice-versa, mesmo tento críticas no campo ideológico entre os pensadores. São essas críticas entre as teorias e pensamentos que se fazem evidentes na sociedade através da linguagem, entre cartas e manuscritos, pois fazer ciência é isso. Entretanto, se quisermos compreender se existem similaridades, ou afinidades, ou complementariedades, em alguns pontos, faz-se necessário conhecer com o mesmo grau de profundidade ambas as teorias e pensamentos para compará-los entre si.

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Dr. Alberto Erich Okada

Terapeuta | Administrador | Consultor | Coach | Mentor | Professor

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