Um conteúdo para aflorar na consciência necessita ter energia psíquica. O que um dia passou pela consciência e vai para o inconsciente é possível de ser relembrado no cotidiano. O processo de criação e ampliação de consciência ocorrem de forma gradativo.
A função transcendente atua com o importante papel de trazer o conteúdo do inconsciente para o consciente e proporcionar a ampliação da consciência. Para tanto é preciso fazer a união dos opostos, cuja tensão causada leva ao conflito. Como o sistema psíquico é algo auto regulador, os problemas do consciente são muitas vezes solucionados com ajuda do inconsciente.
A função transcendente pode ser obtida através da personificação, a partir da representação em modo perfeito das nossas emoções, dando forma ou desenho aos sentimentos, às causas do problema/perturbação e aos obstáculos que nos impede de seguir em frente. Tem pessoas que conseguem expressar/desenhar as emoções através do movimento da dança. Esse desenho é a junção da formulação criativa (design ou estética) e pela interpretação (compreensão).
A partir do resgate de conteúdos que ultrapassam a vivência, buscando um sentido ou razão a aquela passagem e a sua relevância psíquica, é possível aumentar a possibilidade de conteúdos do inconsciente se expressarem e se formarem no consciente. Assim, a função transcendente é um processo do inconsciente o qual podemos propiciar um contexto para que ocorra a ampliação em sua plenitude na consciência, permitindo a integração da própria esfera consciente.. Só ocorre se houver a participação do consciente e do inconsciente.
Ao ampliar a consciência pode trazer um alívio, ainda que seja doloroso. Permite obter maior conforto racional de buscar uma justificativa aos nossos próprios atos. O melhor entendimento das causas ajuda a conhecer a si próprio, permitindo agir na correção ou ainda mitigar falhas de comportamento. Ajuda as pessoas a assumirem um posicionamento racional e consciente, formulando uma tese, inconscientemente, com a participação do consciente.
¨O velho Heráclito, que era realmente um grande sábio, descobriu a mais fantástica de todas as leis da psicologia: a função reguladora dos contrários. Deu-lhe o nome de enantiodromia (correr em direção contrária) advertindo que um dia tudo reverte em seu contrário.¨ (JUNG, CW 7/1, p.83). A função transcendente atua de forma similar que a enantiodromia, que é a propriedade que têm algumas substâncias em transformar-se em mais de um sentido ou forma, de forma reversível. A origem do significado é o movimento dos contrários (enantio) e com retorno ou volta (dromia). Do conflito (variação de temperatura e pressão) busca-se a harmonia. Tal qual, na função transcendente criar-se uma saída que contemple a ambos os polos, eliminando o conflito
O psicoterapeuta atua no sentido de vigorar a ação da função transcendente do paciente.