A individuação é um processo contínuo de ampliação da consciência, em que podemos tornar psicologicamente livres, possibilitando novas descobertas que mudam o curso do pensamento. Tais descobertas de si podem aflorar novas percepções ou vivências ao encontro da sua alma, da sua totalidade, ou de si mesmo, que inclui a imago-dei e seus preceitos de religiosidade. É unus mundus, unidos em suas partes, em que se forma a totalidade, sem medos, receios, angústias ou ressentimentos e sem os aspectos sombrios. Processo em que os conteúdos do inconsciente se tornam consciente, em sua função transcendente, onde o universo se realiza com a realização individual.
Todos os indivíduos que fracassarem nessa empreitada pessoal, em seu processo de individuação, que inclui a integração de conteúdos do inconsciente até então ocultos e sombrios, não somente estará contribuindo para as soluções coletivas universais sobre o dilema entre o bem e o mal, como também estará muito mais vulnerável aos contágios psíquicos dos aspectos sombrios da coletividade.
O ego recebe a recompensa do reconhecimento ético coletivo justamente à medida que consegue a identificação com a persona, em sua personalidade aparentemente coletivizada, pois essa personalidade aparente é expressão do acordo com os valores éticos e morais do coletivo. É importante buscar as raízes das pessoas, a influência das quatro últimas gerações para ajudar a determinar o seu comportamento em busca da individuação. Quem individua é o ego. Sai do EU para o NÓS e depois para o TODO.
A atitude na consciência surge durante o processo de individuação, em que o indivíduo vai ao encontro de si-mesmo ou de sua totalidade (que Jung denomina de Self), reconhece e conversa com seus aspectos sombrios, concilia com o sagrado, coloca em equilíbrio sua consciência na sua contraparte feminina ou masculina (que Jung denomina de anima ou animus), modela sua persona com base no seu eu autêntico, equilibra suas emoções, dissolve os seus complexos dominantes, transforma conteúdos do inconsciente em consciente e fortalece o seu Ego, seguindo adiante no firme propósito, no caminho definido pelo Self, de servir a humanidade.
A individuação é algo que é buscado e conquistado com muito esforço, não acontece automaticamente. O caminho da auto-realização exige a colaboração ativa do ego consciente. No processo terapêutico se busca fazer com que o paciente encontre o seu dom e aprenda a viver utilizando o seu dom em favor do bem comum. No processo de individuação (Unos e Mundos) não existe ser individuado de forma arquetípica.
A individuação é o que se busca, o que quer vir a ser. O self quer o sentido da vida e do significado, mas o ego procura impedir o progresso desse processo, pois nem sempre bate com o que o ego quer ser. Quanto mais se caminha para a individuação mais solitário se fica. Nas suas relações interpessoais, as pessoas ao seu redor passam a não compreender a sua consciência, cada vez mais sábia e evolutiva.
Assim, com reflexões cartesianas (Decartes) que culminaram em concepções dos autores fenomenológicos (Husserl, Sartre e Jung), conclui-se que somos livres para provocar as mudanças e transformações em nossas vidas, dando ouvidos a voz do amigo(a) terapeuta interno que se propõe a ajudar a ampliar a consciência, a trazer conteúdos novos ou até então inconsciente e a retirar o escudo da consciência para renascer um novo Eu transcendente e, juntamente com o si mesmo, possamos seguir adiante seguindo com propósito e trilhando em um processo de individuação contínuo que é fruto da nossa existência.